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quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Sem recuo de manifestantes, PM repetirá estratégia de dispersão no próximo ato

Sem recuo de manifestantes, PM repetirá estratégia de dispersão no próximo ato

13/01/2016 17:53

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Após manifestantes serem dispersados com bombas de efeito moral e de  gás lacrimogêneo antes mesmo da saída da última passeata contra o  reajuste da tarifa do transporte público, o Movimento Passe Livre (MPL)  decidiu que não vai informar antecipadamente o trajeto das manifestações  organizadas pelo grupo. A medida confronta o secretário da Segurança  Pública (SSP), Alexandre de Moraes, que determinou que a Polícia Militar  defina o percurso do protesto, caso ele não seja comunicado com  antecedência pelo movimento.
O impasse entre a SSP e o  MPL, que historicamente decide o percurso no decorrer da passeata, deve  acirrar os ânimos entre a manifestantes e policiais nos próximos  protestos. "A gente não vai fazer ato nenhum com o trajeto ditado pela  polícia. A gente tem direito de fazer manifestação e a PM tem o dever de  garantir", afirmou Luíze Tavares, porta-voz do movimento. "Eles podem  mandar os caveirões (blindados), colocar a Rota na rua, que a gente não  vai sair. Não tem repressão que vá acabar com essa jornada."
O  secretário Alexandre de Moraes afirmou que a Polícia Militar vai  garantir o direito de manifestação, mas sem que isso provoque prejuízos  para quem não faz parte do ato. "Deve haver o aviso prévio para que as  autoridades, não só as policiais, possam organizar a cidade", disse. "A  partir do momento em que não se comunica qual vai ser o trajeto, nós  vamos estabelecer o traçado para evitar confusão com milhões de pessoas  que não participam da manifestação."
A negativa do MPL de  seguir o percurso determinado pela PM no protesto da Avenida Paulista,  na região central, foi o motivo apontado por Moraes para que a PM  atuasse antes mesmo de a passeata começar. "Em todos os atos, há uma  pessoa destacada pelo movimento para negociar o trajeto, mas não é uma  prática informar o trajeto antes da concentração", disse Luíze. "O que  aconteceu é que a PM fechou todas as ruas e só deixou a Consolação  livre. Não teve diálogo, eles estavam irredutíveis."
Na  visão de Moraes, a alternativa oferecida pela PM não impedia o direito  de o MPL protestar. "Em vez de quererem se manifestar, eles preferiram  tentar romper o bloqueio e ir para a Avenida Rebouças, que não estava  preparada para manifestações. Em virtude disso, houve necessidade de  dispersão", afirmou. Segundo afirma, o secretário estadual entrou em  contato com prefeito Fernando Haddad (PT) pedindo que fosse feita uma  limpeza extra na Consolação, para que não ficasse lixo na rua que  pudesse ser queimado durante o ato.
A porta-voz do MPL  classificou a atuação policial durante o protesto como "forte,  desnecessária e gratuita". Policiais usaram bombas de gás e de efeito  moral e circularam com o novo blindado israelense, equipado para  dispersar tumultos, pelos arredores da manifestação. Viaturas da Rondas  Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), a tropa de elite treinada para  ocorrências mais perigosas, também foram para a concentração, na Praça  do Ciclista.
"Com certeza eles tentaram intimidar, a  polícia trabalha com a questão do medo. O primeiro diálogo que o governo  estadual e a Prefeitura querem propor é colocando dez policiais para  cada manifestante na rua", disse Luíze. "Mas a gente acredita que isso  não vai enfraquecer as próximas manifestações." Questionado, Alexandre  de Moraes considerou o aparato policial "absolutamente necessário".

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Editado por - Grupo Bizolhudo